Eu me lembro muito bem da primeira vez em que ouvi Wanessa, na época ainda Camargo. Eu tinha 15 anos e estava de férias no Paraná, meu Estado de origem, quando estava com uma prima e as amigas dela dentro do carro e tocou “O Amor Não Deixa”. Todas elas cantaram, só o refrão porque ainda estavam decorando o resto da letra, e eu percebi que a tal da filha do Zezé tinha algo, um quê, um it, seja lá o nome. Não imaginava que ela fosse conquistar nós gays, naquele momento pensei: música para patricinhas, ela tem seu público.
O tempo passou e Wanessa Carmargo foi ganhando espaço – alguns dizem que na esteira do pai famoso, mas o que fazem Maria Rita, Jairzinho, Luciana Mello, Gonzaguinha, Sandy e Junior e mais um monte de gente? O fato é que se ela não tivesse um mínimo de talento não haveria dinheiro e fama do papai que a mantivesse nas paradas de sucesso. E Wanessa é um sucesso, sempre emplacou hits nas rádios e videoclipes nos tops da vida pop afora.
A moça é esforçada, cometeu, a meu ver, uns deslizes aqui e acolá, mas quem nunca? Gostem ou não, Wanessa hoje em dia não está mais na sombra do pai, também não carrega mais a pecha de contraponto da Sandy, também filha de sertanejo famoso. Wanessa hoje é ela mesma, com seu público fiel e que a ama, que grita por seu nome, que a chama de diva em coro. É o público que decide a quem amar, ele que decide se um artista é bom ou não. Não sou eu como jornalista do Mix, não é o crítico musical da revista X ou site Y.
Quem decide se Wanessa é boa cantora é a plateia dela, esmagadoramente gay, que lota os espaços por onde a fofa passa. Desde “O Amor Não Deixa” eu acompanho Wanessa, em algumas épocas com maior distância, noutras mais de perto, inclusive vendo seus shows. Pode ser que Wanessa realmente não seja uma cantora do tamanho, no caso literalmente, de Ivete Sangalo – com uma presença de palco que perdoa qualquer erro, qualquer desafinação. Mas não se pode negar que Wanessa se esforça, corre atrás de sua própria identidade, o que hoje em dia é louvável.
Seria muito fácil ela colar no pai e ser sua sucessora cantando um sertanejo universitário meloso – coisa muito na moda hoje em dia. Mas ela sabe que seu DNA, aqui fazendo um trocadilho com seu disco, não é bota e chapéu com jeito de boutique – ela gosta mesmo é de bater cabelo, usar figurinos extravagantes, ferver pencas nas pistas dos clubes gays do Brasil, coisa que fez na gravação de seu DVD em São Paulo (leia mais aqui). É preciso reconhecer esse esforço e dar um voto de confiança a ela, deixar de lado o ranço que muita gente tem com filhos de famosos que também decidem seguir carreira artística.
Wanessa é hoje em dia o que a comunidade gay, principalmente a masculina, tem de mais próximo de ícones como Madonna. Não é exagero dizer que no Brasil ela é o que Madonna é nos Estados Unidos, tomadas as devidas proporções de liberdade de expressão e catolicismo intrínseco. Enquanto muitas cantoras dizem ser amigas dos gays, apoiar a causa e até irem a Paradas fazer carão e bater cabelo e, contraditoriamente, terem medo de falar sobre o assunto, Wanessa não tem policiamento para falar sobre o tema.
Já deu entrevista aqui para a Junior e falou tudo, sem medos, sabendo que a sinceridade é o ponto crucial de uma relação com um público que se espera também sincero. Colegas da imprensa dizem o mesmo, ela recebe a todos muito bem disposta. Para mim ela é a diva que representa os gays, já que outros nomes de alcance nacional que se dizem divas gays sequer têm a decência de responder educadamente a um pedido de entrevista, sequer têm a sensibilidade de dizer um não que seja. Para elas fica minha torcida para serem menos rainhas e um pouco mais reais, como a sorridente Wanessa.
Fonte: MIX Brasil
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